Um imponente prédio com fachada escondida pela Linha Vermelha revela algumas curiosidades inesperadas para muitos profanos (como são chamados os não iniciados na maçonaria) e até mesmo para maçons. No número 114 da Rua Campo de São Cristóvão, no bairro imperial, funciona o Centro Cultural Maçônico, que além de expor obras e a história da maçonaria, é a sede do Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito, onde se reúnem e estudam os maçons dos graus filosóficos — que começam no nível 4 e vão até o 33 .
Tudo é comandado por Enyr de Jesus da Costa e Silva, um dentista de 84 anos que tem o título vitalício de Soberano Grande Comendador e que lidera o Santo Império, uma espécie de secretariado formado por nove maçons responsáveis por áreas administrativas, de cultura e de comunicação. A intenção do museu é desmistificar preconceitos.
— As pessoas criaram um mito contra a maçonaria, inclusive envolvendo sacrifícios, que não procedem. Abrimos o Centro para mostrar o que temos preservado. A maçonaria não é secreta, tem CNPJ e endereço conhecido. Ela é discreta — revela.
A visita guiada começa pela Câmara Filosófica do Santo Império, onde Enyr se reúne com seus “ministros” para tomar decisões administrativas. A sala, retangular, como a maioria dos templos maçônicos, é decorada com 14 quadros pintados em óleo sobre tela. As pinturas contam, com auxilio de símbolos da Ordem Maçônica, um pouco da evolução humana citanto os cavaleiros templários e o Rei Salomão, que inspira a simbologia maçônica.
Ao fundo da Câmara fica o altar do Soberano. Enyr senta-se diante de uma mesa de madeira protegida por duas espadas. À sua direita fica a bandeira do Brasil e à esquerda o estandarte do Supremo Conselho. O trono é dourado, cravejado de pedras e revestido com tecido aveludado e vermelho. Acima da cabeça de Enyr fica um brasão com uma águia de duas cabeças, que simboliza a visão de 360 graus, e uma capa vermelha envolta por uma coroa abaixo do número 33. Ao centro da sala fica uma bíblia, para representar a fé em Deus que é exigida dos maçons.
— A bíblia é o Livro da Lei. Está presente em todos os templos do mundo. Nos países judeus é usado o Torá e nos muçulmanos é usado o Alcorão — exemplifica Enyr.
No canto direito da sala está uma escultura de um bode. Embora o animal não faça parte da liturgia da maçonaria, foi adotado carinhosamente pelos maçons, que aceitam a designação com bom humor.
— O bode é simbólico, pois sobrevive em condições adversas, como as que muitos maçons passaram durante a inquisição e precisaram ser perseverantes para sobreviver — explica o Grande Chanceler Antônio Carlos Barbosa Ramos.
Na sala principal do Centro Cultural, a recepção é feita por um manequim usando paramentos do Soberano . As paredes são repletas de quadros com imagens de maçons famosos, como Dom Pedro I, Rui Barbosa, Duque de Caxias e outros que, segundo a maçonaria, trabalharam para libertação dos escravos e pela independência do Brasil. Um busto em destaque mostra José Bonifácio de Andrada e Silva.
Mesas guardam vasos decorativos e armários guardam pratos pintados com símbolos maçônicos, entre eles o crânio.
— O crânio tem uma simbologia. Representa a morte das fraquezas, das paixões, dos erros e dos defeitos. Nos chama para a reflexão e nos dá uma lição de humildade. É um nivelador dos seres humanos, afinal, a morte chega para todos — diz o Grande Secretário de Cultura, Ezequiel de Oliveira Filho.
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